A KTM, uma das principais fabricantes de motocicletas do mundo, enfrenta uma grave crise financeira que está gerando preocupações dentro e fora do paddock da MotoGP. Com dívidas estimadas em cerca de €1,8 bilhão — aproximadamente R$ 11 bilhões —, a empresa austríaca avalia medidas drásticas para cortar custos, o que inclui a possibilidade de deixar as competições de MotoGP, Moto2 e Moto3 a partir de 2026.
Massimo Meregalli, chefe da equipe Yamaha na MotoGP, admitiu que acompanha de perto a situação da KTM, destacando as consequências que uma eventual saída da fabricante pode trazer para o campeonato. "Não é uma boa situação para eles e nem para nós. O que sei é do que estou lendo, mas sofro pensando nas consequências. Eles continuam negando que vão ter problemas para correr, mas talvez eu não consiga acreditar completamente", declarou Meregalli.
Atualmente, a crise financeira da KTM é tema de intensa discussão entre as fabricantes concorrentes. Segundo fontes locais, a empresa austríaca conta com cerca de 1.630 credores, incluindo 180 bancos, e está em processo de renegociação de dívidas. Apesar disso, a companhia garante que participará da temporada de 2025 normalmente, mas admite que o futuro após esse período é incerto. A imprensa austríaca relata que a administração judicial deixou aberta a possibilidade de corte de investimentos nas três principais categorias do Mundial de Motovelocidade.
Massimo Rivola, CEO da Aprilia, também se posicionou sobre a situação, sugerindo que o cenário atual deve servir como alerta para a MotoGP. "O aviso que temos da situação da KTM não deveria ser encarado com um 'ah, é azar'. Acho que deveríamos fazer alguma coisa e espero que, no próximo contrato de cinco anos, a gente discuta outra vez", pontuou o dirigente italiano.
Entre as medidas especuladas está a busca por novos investidores para amenizar a crise financeira da KTM. Uma das possibilidades cogitadas inclui um acordo com o heptacampeão mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton, que já demonstrou interesse em adquirir uma equipe na MotoGP. No entanto, desafios relacionados a patrocínios e alianças existentes podem dificultar essa negociação.
Enquanto isso, outras fabricantes observam de perto os desdobramentos. A saída da KTM representaria a perda de quatro motos no grid da MotoGP, o que pode impactar diretamente a competitividade do campeonato. Em contrapartida, a situação poderia abrir espaço para o retorno de outras marcas, como a Suzuki, que deixou o campeonato em 2022 e recentemente sinalizou interesse em voltar, embora ainda enfrente desafios internos significativos.
O futuro da KTM e seus reflexos na MotoGP devem ser tema de discussão entre organizadores, patrocinadores e equipes nos próximos meses. A continuidade da fabricante no campeonato é vista como essencial para manter a diversidade e a competitividade que caracterizam a principal categoria do motociclismo mundial. Os primeiros testes da temporada de 2025 estão marcados para fevereiro, em Sepang, na Malásia, e prometem trazer mais clareza sobre os rumos da KTM e do campeonato como um todo.
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