A temporada 2025 da Fórmula 1 vem sendo dura para a Aston Martin. Após resultados frustrantes nas primeiras corridas do ano — incluindo passagens discretas por Bahrein, Arábia Saudita e Japão —, a equipe ainda busca seu primeiro ponto com Fernando Alonso. No entanto, dentro da fábrica de Silverstone, o futuro está sendo desenhado a traços firmes por Adrian Newey, um dos mais célebres projetistas da história do automobilismo.
Desde março, Newey dedica-se exclusivamente ao projeto do carro de 2026, primeiro monoposto da Aston Martin a nascer sob seu comando criativo. Segundo Andy Cowell, CEO da equipe, o engenheiro britânico não participa de reuniões administrativas, tampouco responde e-mails corporativos. “Adrian trabalha como em seus primeiros anos de carreira: direto na prancheta, esboçando conceitos. Ele não está envolvido nas operações do AMR25. Nosso objetivo é deixá-lo completamente livre para construir algo revolucionário para o novo regulamento”, afirmou o dirigente em conversa com jornalistas no paddock de Xangai.
Essa abordagem lembra o que já se viu em períodos de ouro da Fórmula 1. Histórias contadas por ex-colegas da Williams e da McLaren relatam que Newey sempre valorizou o trabalho manual e a liberdade criativa longe da burocracia corporativa. “A mente de Adrian funciona de maneira diferente. Ele precisa de espaço, silêncio e um objetivo claro. Foi assim que surgiram carros lendários”, comentou Gary Anderson, ex-diretor técnico da Jordan, em entrevista recente ao site Motorsport.com.
Na Aston Martin, todo o ambiente foi preparado para essa filosofia. Newey recebeu um escritório próximo dos departamentos de aerodinâmica e design, com acesso direto a simuladores e laboratórios de CFD (Computational Fluid Dynamics). Não há computador fixo em sua sala: apenas quadros brancos, esquadros e canetas. “Quando passamos pelo corredor, é comum vê-lo desenhando sistemas de suspensão ou perfis de asa com lápis”, revelou Dan Fallows, diretor técnico da equipe e ex-companheiro de Newey nos tempos de Red Bull.
Com a introdução de novas regras para 2026 — que envolvem mudanças profundas no equilíbrio aerodinâmico, redução de arrasto e integração de unidades de potência híbridas mais potentes —, a pressão para acertar desde o início é enorme. A FIA já definiu que os primeiros testes de pré-temporada ocorrerão em janeiro, antecipando o calendário normal. Isso impõe uma corrida contra o tempo dentro das fábricas.
“Em um projeto desse porte, cada decisão errada hoje pode custar segundos de volta no futuro. Por isso, decidimos que Adrian se dedicaria 100% ao novo carro desde sua chegada”, explicou Cowell. “Não estamos adaptando nada do carro atual. Tudo começa do zero. Nova transmissão, nova aerodinâmica, nova integração de chassi e power unit. Adrian está liderando essa revolução silenciosa.”
Apesar da Aston Martin atravessar um momento difícil nas pistas, a equipe acredita que 2026 pode ser o ano da virada definitiva. O investimento no novo campus em Silverstone, inaugurado em 2024, criou uma estrutura de ponta, capaz de suportar as ambições de Lawrence Stroll, dono da equipe, que almeja transformar o time em protagonista da Fórmula 1.
“Não podemos garantir títulos, mas podemos garantir que estaremos preparados para lutar. Com Newey a bordo, nossa confiança cresce dia após dia”, completou Fallows.
Enquanto isso, Fernando Alonso e Lance Stroll continuam carregando o AMR25 com a esperança de resultados pontuais. Mas dentro dos muros da Aston Martin, os olhos já estão voltados para o horizonte de 2026, onde a assinatura de Adrian Newey pode finalmente levar a equipe verde ao topo.
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