A Fórmula 1 desembarca em Imola nesta semana para o aguardado Grande Prêmio da Emília-Romanha de 2025, que marca não só o início da perna europeia da temporada como também a largada para uma sequência intensa de três finais de semana consecutivos de corrida. A clássica pista italiana, que renasceu em 2020 com o nome atual após anos fora do calendário, retorna após o cancelamento da prova em 2023, quando a região foi atingida por enchentes. Agora, com paddock cheio, atualizações técnicas, trocas de pilotos e chefes de equipe, e um cenário emblemático às margens do rio Santerno, não faltam ingredientes para uma etapa de tirar o fôlego.
O Autódromo Enzo e Dino Ferrari iniciou sua história com a Fórmula 1 em 1963, com uma corrida extracampeonato. Mas foi só em 1980, após intensas negociações políticas com Monza, que a pista recebeu a honra de sediar oficialmente o Grande Prêmio da Itália. No ano seguinte, Ímola passou a abrigar o recém-criado GP de San Marino, enquanto Monza manteve a tradicional etapa italiana. Foram 27 edições disputadas ali até 2006, consolidando o circuito como um dos templos da velocidade na Europa. Após um hiato de mais de uma década, o traçado voltou ao calendário em 2020, agora rebatizado como Grande Prêmio da Emília-Romanha. Com seus 4,9 km de curvas técnicas, áreas de escape estreitas e pouquíssimo espaço para erro, a pista exige precisão milimétrica dos pilotos. O traçado não facilita ultrapassagens — a melhor chance ainda é no trecho de alta velocidade que liga a Rivazza à Tamburello — e qualquer deslize pode significar fim de prova na brita ou na grama. Em Imola, habilidade e estratégia andam de mãos dadas.
Pneus macios em pista dura: C4, C5 e C6 serão postos à prova
A Pirelli levará para Ímola o trio mais macio da sua gama de compostos de 2025, marcando a estreia do inédito C6 em um fim de semana oficial de corrida. A combinação escalada para o GP da Emília-Romanha terá o C4 como Duro, o C5 como Médio e o C6 como Macio — uma configuração ousada, levando em conta o caráter desafiador do circuito. Nenhum piloto testou o C6 nos carros atuais, nem mesmo no shakedown do Bahrein, o que adiciona uma dose extra de incerteza à equação estratégica deste fim de semana.
O C6 fará sua estreia em Ímola
Projetado para pistas com baixa exigência sobre os pneus, o novo composto foi homologado para oferecer mais aderência em voltas rápidas, o que pode ser decisivo na classificação — especialmente em uma pista como Ímola, com superfície menos abrasiva e curvas técnicas que premiam precisão. Ainda é difícil imaginar o C6 sendo utilizado em stints mais longos de corrida, mas a coleta de dados aqui e nas próximas etapas em Mônaco e Montreal será crucial para definir se o composto pode ser integrado em mais GPs na segunda metade da temporada.A Pirelli selecionou os compostos mais macios da sua gama para Imola: C4, C5 e o novo C6 — este último homologado no final de 2024 para ampliar o leque estratégico em pistas com menor severidade. Embora inicialmente pensado para circuitos urbanos como Mônaco e Montreal, o trio será testado em uma pista que, apesar de não apresentar um nível extremo de abrasividade, desafia os pneus com velocidades elevadas e exigências constantes de tração e estabilidade. A gestão de desgaste será crucial, especialmente porque a corrida ocorre dentro de uma tripla rodada europeia que inclui também os GP's de Mônaco e da Espanha.
No ano passado, a estratégia de uma parada única se mostrou a mais eficiente em Ímola. Quinze pilotos largaram com pneus Médios (C4), três com os Duros (C3) e apenas dois optaram pelos Macios (C5) — sendo que esses últimos precisaram de duas paradas. Os compostos mais duros apresentaram performance sólida e degradação baixa, mesmo com a pista chegando a mais de 50 °C. A introdução de uma gama mais macia este ano levanta dúvidas sobre possíveis mudanças nesse cenário. A limitação de ultrapassagens — agravada por uma única zona de DRS e pelo pit lane mais longo do calendário em tempo perdido — pode fazer com que a velha tradição da estratégia de uma parada continue sendo a mais viável.
O retorno de Colapinto ao cockpit
Um dos destaques da semana é o retorno de Franco Colapinto ao grid, assumindo o lugar de Jack Doohan na Alpine. O argentino volta à titularidade após ter sido promovido a piloto reserva da equipe no início da temporada. Com Doohan ainda zerado após seis corridas, Colapinto ganha cinco provas para mostrar serviço e se firmar como nome forte para seguir na vaga em 2026 ao lado de Pierre Gasly. E começa já em Imola, onde o ritmo será implacável — uma oportunidade de ouro em meio ao turbilhão técnico que as equipes enfrentam.
Bastidores da Alpine pegam fogo: Oakes fora, Briatore assume funções
Se Colapinto chega, Oliver Oakes sai. O agora ex-chefe de equipe da Alpine deixou o cargo de forma repentina logo após o GP de Miami. A mudança, inesperada até para os bastidores mais atentos, pegou a todos de surpresa. Com isso, Flavio Briatore assume responsabilidades estratégicas e deverá, inclusive, ser a voz da equipe diante da mídia neste fim de semana — um retorno de peso que pode significar mais do que uma simples reestruturação.
Imola como palco para estreias técnicas: atualizações à vista
Diferentemente de Miami, que por ter sido uma etapa Sprint limitou as equipes em relação a testes e implementação de novos pacotes, Imola oferece um fim de semana completo, com três sessões de treinos antes da classificação. Isso significa que várias equipes chegam carregadas de atualizações — algumas aguardadas com ansiedade desde o início da temporada. A proximidade das fábricas europeias facilita a logística, e os resultados obtidos aqui poderão influenciar diretamente o desempenho em Mônaco e Barcelona.
A Red Bull, por exemplo, já começou a mostrar sinais de reação em Miami com seu novo assoalho. Mas a grande dúvida paira sobre a McLaren: será que o forte desempenho recente é sustentável diante das novidades dos rivais?
Ferrari na corda bamba: hora de reagir
Com um único pódio e vitória apenas em Sprint, além de uma dolorosa desclassificação dupla na China, a Ferrari chega pressionada ao seu GP "caseiro". O desempenho em Miami — sétimo para Leclerc e oitavo para Hamilton — acendeu o alerta vermelho em Maranello. Ser superada por uma Williams na pista foi, para muitos, a gota d'água.
A equipe ocupa a quarta posição no Campeonato de Construtores, 152 pontos atrás da McLaren. Hamilton, contudo, mantém o discurso de confiança, indicando que os pontos fracos estão sendo trabalhados. Se existe um lugar ideal para virar o jogo, esse lugar é Imola, um templo do automobilismo que carrega no nome o legado da Ferrari.
Expectativa máxima para o início do "coração" da temporada
Com seis etapas já no retrovisor e os tradicionais motorhomes de volta à paisagem do paddock europeu, Imola recebe a Fórmula 1 em clima de renovação e com altíssima expectativa. A etapa é o abre-alas de uma sequência que pode redefinir a ordem das forças no campeonato.
Seja pelo traçado clássico, pelas novidades técnicas, pelas movimentações nas equipes ou pela paixão dos Tifosi, a corrida deste fim de semana tem tudo para ser um divisor de águas na temporada 2025.
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