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Felipe Fraga conquista bicampeonato da Stock Car com vitória sob chuva em Interlagos

Piloto da Eurofarma RC garante título da temporada 2025 ao vencer a corrida sprint da etapa final, marcada por paralisação e estratégia em pista molhada

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Por Motor em Ação
Felipe Fraga conquista bicampeonato da Stock Car com vitória sob chuva em Interlagos
Marcelo Machado de Melo/BRB Stock Car
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Felipe Fraga confirmou neste sábado, em Interlagos, o segundo título de sua carreira na BRB Stock Car Pro Series ao vencer a corrida sprint válida pela 12ª e última etapa da temporada 2025. O piloto da Eurofarma RC precisava apenas cruzar a linha de chegada na 12ª posição para assegurar o campeonato, mas transformou a decisão em afirmação definitiva ao levar o Mitsubishi Eclipse Cross # 88 à vitória em uma prova profundamente impactada pela chuva, por um acidente múltiplo e por uma longa interrupção.

O resultado coroou uma campanha consistente e eficiente. Fraga encerrou o ano com três vitórias, nove pódios e o bicampeonato conquistado exatamente nove anos após sua primeira consagração na categoria, também no Autódromo José Carlos Pace. A temporada marcou ainda seu primeiro ano completo defendendo a Eurofarma RC, equipe comandada por Rosinei Campos, o ‘Meinha’, um dos nomes mais vitoriosos da história da Stock Car.

A corrida teve contornos atípicos desde o início. A largada aconteceu com a pista úmida, condição que se agravou rapidamente com o aumento da intensidade da chuva. O cenário tornou-se especialmente crítico durante a abertura da janela de pit-stop obrigatório, quando as estratégias passaram a oscilar volta a volta. Fraga liderava a prova quando a equipe optou por antecipar sua parada, logo após a entrada de Gaetano Di Mauro, companheiro de equipe e único concorrente direto ao título naquele momento.

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No auge dessa instabilidade estratégica, a corrida foi interrompida por um acidente envolvendo três carros na entrada dos boxes. Daniel Serra, Helio Castroneves e o estreante Marcos Regadas escaparam da pista e atingiram a barreira de proteção. Apesar do impacto, os três pilotos deixaram seus carros caminhando, sem consequências físicas. A direção de prova acionou a bandeira vermelha, interrompendo a disputa quando restavam 12 minutos e 41 segundos no cronômetro. A paralisação se estendeu por quase duas horas para o resgate dos veículos e a recomposição da barreira de pneus.

A relargada foi autorizada às 15h50, em regime de safety car. Naquele momento, com oito voltas completadas, Fraga aparecia na liderança, seguido por Cesar Ramos e Guilherme Salas. Gaetano Di Mauro, que ainda mantinha chances matemáticas de título até a penúltima etapa, surgia apenas na 25ª posição após a reorganização do pelotão.

Com a pista novamente liberada, Fraga impôs ritmo forte e abriu vantagem próxima de quatro segundos sobre Cesar Ramos. Logo atrás, Lucas Foresti e Enzo Elias superaram Guilherme Salas e assumiram a terceira e a quarta posições, respectivamente. Pouco depois, o Chevrolet Tracker # 73 de Salas apresentou problemas e precisou ser estacionado na Subida do Café, levando ao encerramento da corrida sob safety car. Ainda dentro do carro e visivelmente emocionado, Fraga celebrou a confirmação do título.

Lucas Foresti, embalado por um pódio conquistado na etapa anterior em Brasília, cruzou a linha de chegada em segundo lugar com o Chevrolet Tracker # 12 da A.Mattheis Vogel, seu melhor resultado na temporada. Cesar Ramos completou o pódio com o Toyota Corolla Cross # 30 da Ipiranga Racing. Gaetano Di Mauro terminou a prova na 12ª posição.

Após a corrida, Fraga viveu momentos de forte emoção ao lado do filho Daniel, da esposa Vanessa e do pai Irineu, e destacou tanto a conquista quanto o trabalho da equipe ao longo do campeonato. “Foi um dia incrível! Uma pena pelo que foi a corrida, mas não quero tirar o brilho do meu campeonato. Foi uma temporada muito boa. Estou muito feliz e quero agradecer à Eurofarma RC por ter me dado um carro sensacional durante todo o ano. Feliz demais por estar aqui ao lado do meu filho, da minha esposa da minha família, no meu primeiro completo com a Eurofarma e com meu segundo título na Stock Car. Muito feliz, mesmo”, afirmou.

O bicampeão também comentou a dinâmica estratégica da prova e o impacto da chuva. “Estava muito bem na corrida. No seco, consegui abrir uma vantagem bem para o Gaetano. No pit-stop, ele mandou bem em parar primeiro; não quis arriscar porque queria marcá-lo, parei depois. Acho que, sem aquela chuva, terminaria facilmente entre os cinco”, explicou.

Ao avaliar a trajetória até o título, Fraga ressaltou o processo de trabalho ao longo do ano. “A gente trabalha pra caramba, se dedica muito. Às vezes o resultado não vem, e começamos até a duvidar da gente mesmo. Feliz por estar em uma equipe muito boa, onde consigo fazer meu trabalho com calma, e as coisas encaixam: às vezes, por performance, por sorte — o campeão precisa ter sorte também —, e é só agradecer. É muito bom estar numa equipe dessas, em que tudo o que faço funciona. E agora é continuar trabalhando, amanhã tem outra corrida e ano que vem tem mais”, concluiu.

A trajetória de Felipe Fraga no automobilismo brasileiro ajuda a dimensionar o peso do bicampeonato. Nascido em Jacundá, no Pará, e criado em Palmas, no Tocantins, ele despontou ainda adolescente. Aos 16 anos, competiu na Fórmula Renault Europeia, antes de retornar ao Brasil para disputar a categoria de acesso à Stock Car, onde conquistou o título aos 17 anos. A ascensão foi imediata.

Em março de 2014, com apenas 18 anos e ainda sem Carteira Nacional de Habilitação, Fraga venceu a Corrida de Duplas em Interlagos ao lado de Rodrigo Sperafico, defendendo a Vogel Motorsport. Dois anos depois, tornou-se o mais jovem vencedor da história da Stock Car, recorde que permanece vigente. Aos 21, venceu a Corrida do Milhão e conquistou seu primeiro título da categoria após duelo direto com Rubens Barrichello, então pela Cimed Racing Team, chefiada por William Lube, hoje comandante da Crown Racing.

A carreira internacional ganhou força paralelamente. Fraga disputou provas de grande relevância como as 24 Horas de Le Mans, Daytona e Spa-Francorchamps, além das 12 Horas de Sebring e da Petit Le Mans. A partir de 2020, passou a focar suas atividades fora do Brasil, competindo em temporadas completas do FIA WEC, em categorias de GT e no IMSA SportsCar, guiando protótipos LMP3 e LMP2. Em parceria com a Red Bull, também correu no DTM pela equipe AF Corse, conquistando uma vitória e dois pódios em 2022. Naquele mesmo ano, retornou pontualmente à Stock Car para substituir Daniel Serra na Eurofarma RC, em Interlagos, e venceu uma das corridas do fim de semana.

O retorno definitivo ao grid brasileiro ocorreu em 2023, pela Blau Motorsport, equipe baseada em Petrópolis e comandada por Rodolpho Mattheis. Em duas temporadas, Fraga venceu a corrida principal em El Pinar, no Uruguai, somou dez pódios e três voltas mais rápidas. Ainda na primeira metade da temporada seguinte, veio o anúncio da transferência para a Eurofarma RC a partir de 2025.

No primeiro ano da nova era dos carros SUV da Stock Car, Fraga encontrou o encaixe ideal com a equipe de Rosinei Campos. Ao longo da temporada, somou três vitórias, nove pódios e duas pole positions, assegurando o título em uma campanha valorizada também pelo desempenho de Gaetano Di Mauro, maior vencedor do campeonato em 2025, com quatro triunfos.Entre os destaques do pódio em Interlagos, Lucas Foresti celebrou o momento positivo vivido pela A.Mattheis Vogel. “Meu time está de parabéns. Passamos pelo segundo Q3 seguido, andamos bem no seco e na chuva. A corrida foi complicada, muita chuva, e agora estar aqui, novamente no pódio, segundo lugar em São Paulo. Vamos buscar mais amanhã”, disse.

Cesar Ramos, por sua vez, viveu um sábado de sentimentos mistos ao conquistar o terceiro lugar. “Depois de seis anos, é meu último fim de semana com a A.Mattheis Ipiranga. Não tem como não ser emocionante. Óbvio que o pódio era o objetivo nesse fim de semana. Estive sempre ali, competitivo, e essa posição vem para nos presentear pelo esforço, pela dedicação. Agora é correr atrás, tentar seguir no grid. Minha meta é ficar aqui em 2026”, declarou o piloto gaúcho de Novo Hamburgo.

FONTE/CRÉDITOS: Carlos Rossi
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